A escada do general

Logo após o golpe que depôs o presidente João Belchior Marques Goulart em 31/3/1964 e menos de duas semanas depois da posse do primeiro presidente do regime militar, Humberto de Alencar Castello Branco, foi criada, no final de abril daquele ano, por força do Ato Institucional nº 1, a Comissão Geral de Investigações (CGI), vinculada à Presidência da República.

A CGI era composta de três membros “considerados idôneos”, nomeados pelo presidente da República e tinha por objetivo identificar envolvidos em “atividades de subversão da ordem ou de corrupção”, instaurando os famosos IPMs (Inquéritos Policial-Militares). Foi comandada, inicialmente, pelo general Taurino de Rezende.

Em cada estado brasileiro, foi criada uma sub-CGI, com a missão de apurar os casos regionais. Para a do Paraná, foi designado o general Breno Perneta.

Perneta, na definição dos que o conheceram, era um sujeito metódico, disciplinado, exigente. E até um pouco esquisito. Analisava com todo cuidado os gordos dossiês de pretensos corruptos e subversivos.

Um dos membros da Comissão contou que o general gostava de trabalhar no sótão de sua residência, ao qual subia por uma escada de corda. Para não ser interrompido, recolhia a escada.

E não adiantava insistir.

Compartilhar: