Jardim e as rosas

Reinaldo Jardim foi um dos mais criativos jornalistas brasileiros. Ousado. Surpreendente. Uma figura admirável, pensamento ágil transformado em ação imediata, alicerçado por uma consistente cultura. Nos anos 1950, promoveu uma revolução gráfica e editorial no Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, criando o Suplemento Dominical, a Revista de Domingo e o famoso Caderno B.

Dirigiu rádios, foi diretor de jornalismo da recém-criada TV Globo, comandou a revista Senhor, publicação sofisticada e que marcou época. Criou e deu nova dinâmica a jornais. Foi também poeta e escritor.

Nasceu em São Paulo em 13/12/1926; morreu em Brasília, em 1/2/2011, aos 84 anos bem vividos. Estava na Capital Federal desde 1988. Lá, foi um dos editores do Correio Brasiliense, diretor da Fundação Cultural, assessor do Ministério da Justiça e do Governo do Distrito Federal.

Jardim morou em Curitiba durante 12 anos nas décadas de 1970/1980. Trabalhou nos jornais Diário do Paraná e Correio de Notícias, como editor de cultura. No DP, criou o suplemento Anexo, que deu voz a escritores, poetas e artistas plásticos paranaenses. Fundou, com a jornalista Marilu Silveira, com quem viveu durante anos, o jornal Pólo Cultural.

Certa vez, começo de noite de uma sexta-feira, Jardim participava como convidado da inauguração do centro de convenções de um hotel de Curitiba. A bebida rodava farta, mas nada dos comes. E Jardim com uma fome danada.

Como quem não quer nada, aproximou-se de uma das mesas onde havia um belíssimo arranjo de rosas. E foi despetalando uma a uma. E comendo as pétalas. Quase devorou o buquê, entre goles de uísque. Mas depois não desprezou os ‘quentinhos’.

Pensando bem: Jardim e rosas. Tudo a ver.

(Foto: José Varella/Correio Braziliense)

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