A escolha de um candidato

Rafael Greca, ao tempo de deputado estadual, em 2006
Foto: Enéas Gomez

A sucessão de Jaime Lerner na Prefeitura de Curitiba, que se daria nas eleições de outubro de 1992, despertou muito cedo a cobiça de candidatos a candidato. Rafael Greca era um deles. Engenheiro civil, vereador e deputado estadual, sonhava com a sala principal do Palácio 29 de Março. Em determinado momento, depois de uma reunião com simpatizantes, no Plenarinho da Assembleia Legislativa, fez-se carregar no ombro de correligionários, o que irritou muita gente. E o fato chegou via fax a Lerner, que cumpria compromissos em São Paulo.

Para evitar uma escolha precoce, no início do ano, quando perguntado quem seria o candidato, Lerner desfiava um rol de nomes. Entre eles, Algaci Túlio, seu vice; o próprio Greca; Cássio Taniguchi, presidente do Ippuc; Carlos Eduardo Ceneviva, presidente da Urbs; Rafael Dely, presidente da Cohab; Gerson Guelmann, chefe de gabinete.

Numa certa noite, o prefeito reuniu um grupo de assessores e amigos no escritório do publicitário Sérgio Mercer. Lá estavam: Nireu José Teixeira, secretário do Governo Municipal; Gerson Guelmann, chefe de gabinete; Jaime Lechinski, secretário de Comunicação; Caio Soares e Guaraci Andrade, assessores de gabinete; os publicitários Mercer e Gilberto Ricardo dos Santos e eu, assessor de imprensa. Na pauta, em destaque, dois nomes: Rafael Greca, Cássio Taniguchi. Correndo por fora, Carlos Eduardo Ceneviva.

Cheguei alguns minutos atrasado e, como “castigo”, fui o primeiro convocado a responder, mal abri a porta: Cássio ou Rafael?, perguntou Lerner. Disse que, em minha opinião, Cássio seria o melhor prefeito, mas Rafael o melhor candidato, com mais tarimba e vontade. (O futuro mostraria que também seria o melhor prefeito). Na votação final, a maioria do grupo optou por Cássio. Lerner agradeceu e foi para casa, onde o esperava o vice Algaci Túlio, ansioso por ser o escolhido.

No dia seguinte, viajei a Alemanha, a convite do Centro de Turismo Alemão. No hotel, à beira do Lago Constanza, na fronteira com a Áustria, recebi um telefonema de minha mulher, Tania. Greca era o candidato.

Rafael Valdomiro Greca de Macedo, aos 36 anos, do PDT (como vice, o empresário José Carlos Gomes Carvalho, do PTB), foi eleito no primeiro turno com 51,96% do eleitorado, obtendo 324.348 votos. Derrotou nas urnas, pela ordem, Maurício Fruet, que já havia sido prefeito nomeado (1983-1985), candidato do então governador Roberto Requião, Luciano Pizzatto, Dr. Rosinha, Toni Garcia, Márcia Pradi e Jônatas Pirkiel.

Quatro anos depois, Cássio sucedeu Greca e foi reeleito em 2000.

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