Aroldo Murá Gomes Haygert, a voz das Vozes do Paraná

Professor Aroldo: obra de peso e referência

Já mais perto dos oitenta do que dos setenta, o jornalista Aroldo Murá Gomes Haygert continua dando provas de vitalidade. Lançou, neste agosto de dias cálidos, o nono volume de “Vozes do Paraná – Retrato de Paranaenses”, enquanto prepara, já adiantada, outra obra de peso e referência, “Encontros do Araguaia”.

O nome, sugestão do jornalista Fábio Campana, remete ao edifício onde Aroldo reside – Rio Araguaia -, em Curitiba. Mas o título lembra, à primeira vista, a guerrilha do rio Araguaia, nos tempos do governo militar. “O tom de provocação”, como diz Aroldo, “tem mesmo esse objetivo: chamar atenção”.

O espaçoso e bem montado apartamento é o cenário das entrevistas e gravações com nomes de expressão que compuseram e compõem o amplo mosaico da vida paranaense.

Para concretizar os Encontros, Aroldo Murá reuniu uma equipe de colaboradores de alto gabarito e, entre os personagens da obra, já passaram pelo crivo das perguntas e das imagens nomes como os ex-governadores Jaime Lerner, Paulo Pimentel e Álvaro Dias, o ex-prefeito Saul Raiz, o ex-ministro Euclides Scalco, os ex-secretários Francisco Borsari Neto e Oscar Alves, o ex-senador Osmar Dias, o jurista Renê Dotti.

Aguardam a chamada para os depoimentos o governador Beto Richa, a vice, Cida Borguetti, os ex-governadores Roberto Requião de Mello e Silva, João Elísio Ferraz de Campos e Emílio Gomes, o ex-prefeito Cássio Taniguchi e outros nomes de expressão.

O Professor, como é chamado, lega mais uma vez para o futuro uma valiosa contribuição, com o mesmo timbre de competência com que ajudou a moldar jovens jornalistas, agregando-lhes qualidades que os cursos regulares estão longe de conferir.

VOZES DO PARANÁ

As nove edições de “Vozes do Paraná – Retrato de Paranaenses”, além de conter o perfil biográfico de dezenas de personalidades, tiveram o dom de reunir pessoas em ambientes diferentes e sempre lotados, proporcionando encontros e reencontros, novos conhecimentos, troca de boas ideias, confraternizações.

Já foram cenários desses eventos o Palacete dos Leões, sede do BRDE; o Solar do Rosário, espaço de cultura e arte no Setor Histórico; o shopping Crystal; o Palacete Vila Sophia, antiga sede do Arcebispado; o escritório da Casillo Associados, na praça Eufrásio Correia; a EBS Business School; e o também histórico prédio da Sociedade Garibaldi, no Alto do São Francisco.

Enquanto longas filas se formam diante da mesa do Professor, para os obrigatórios autógrafos e fotos, em outras mesas, no entorno, são os personagens do volume que recebem amigos, familiares e admiradores. Uma festa.

O jurista Mansur Theóphilo Mansur, trajetória de conquistas

Vozes número 9 reúne 21 perfis: Jayme Canet Júnior e João Ferraz de Campos (in memorian), Álvaro Dias, Carlos Deiró, Christiano Machado, Dom José Antônio Peruzzo, Eleidi Chautard Freire-Maia, Francisco Souto Neto, José Haraldo Carneiro Lobo, Juarez Marcondes Filho, Leomar Marchesini, Linei Dellê Urban, Luiz de Lacerda Filho, Mansur Theóphilo Mansur, Marilena Wolff de Mello Braga, Osmar Dias, Paulo César Nauiack, Pedro Latro, Ricardo Alexandre Hanel, Robert Bittar e Szyja Ber Lorber.

A seleção de nomes obedece aos critérios pessoais do Professor, que acata sugestões. A edição pode acolher tanto nomes de alto destaque, de políticos famosos, como de um jovem profissional emergente ou até um cidadão comum que o faça por merecer.

No momento em que lança uma nova edição de “Vozes”, o Professor e sua equipe já trabalham também na próxima e também alinham pautas para outras, futuras. Nomes são pensados até com dois, três anos de antecedência.

Com JJ, personagem do livro 6, a delicadeza da dedicatória

Um destaque singelo, delicado, da “Vozes” deste ano, é a dedicatória da obra “à memória de João José Werbitzki, enorme perda da publicidade e do espírito crítico paranaense neste 2017”.

JJ, como era chamado, personagem do volume 6, morreu em 27 de abril, aos 66 anos, em decorrência de problemas causados pela diabetes. Foi jornalista e publicitário. Sobretudo, dono de um caráter tão grande quanto seu talento.

 O PROFESSOR

Quase uma década antes de se diplomar em Jornalismo pela Universidade Católica do Paraná (atual PUCPR), em 1970, Aroldo Murá já militava na profissão, escrevendo para a revista Clube, do jornalista Dino Almeida, onde também atuavam nomes como Renê Dotti, Luiz Geraldo Mazza, Salomão Scliar, Nelson Faria e Aurélio Benitez.

Também pelas mãos de Dino foi levado ao Diário do Paraná, que havia sido fundado em 1955, e que reuniu durante décadas, uma das melhores redações da imprensa local.

No Diário do Paraná, onde cumpriu tarefas em vários setores, repórter, redator, editor, orgulha-se de ter criado o suplemento DP Domingo, alavancando nomes que se tornaram expressão na arte e na cultura paranaenses.

Murá fez incursões pelo rádio – Colombo e Ouro Verde, muitos anos depois na Banda B – e na TV, em programa de entrevistas do antigo Canal 6/TV Paraná, órgão dos Diários Associados, criação de Assis Chateaubriand.

Um rápido corte para as origens: Aroldo Murá Gomes Haygert é gaúcho de São Francisco de Assis, filho de Manoel Haygert, de origem alemã, e de dona Nandy Cáceres Gomes Haygert, de ascendentes espanhóis e integrante de família de agricultores nos pampas. “Seu” Manoel, professor de matemática, e mais tarde escritor, passou em concurso do antigo Dasp (Departamento Administrativo do Serviço Público) e foi designado para o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no cargo de estatístico, que exerceu em várias cidades. Veio ao Paraná em 1948; Aroldo tinha oito anos. Nasceu em 29/7/1940.

Em 1967, foi morar um ano no Rio de Janeiro, convidado pelo jornal Diário de Notícias; lá, trabalhou também na revista Esso. Ao regressar, assumiu a direção do semanário católico Voz do Paraná, que transformou, junto com uma equipe de colaboradores, num vibrante órgão de debates, isso em tempos de censura decretada pelo governo militar.

Mais tarde, e durante vários anos, imprimiu nova dinâmica ao Diário Industria & Comércio do Paraná, convidado pelo empresário Odone Fortes Martins. Teve, também, rápida passagem como diretor de redação do Jornal do Estado, atual Bem Paraná. Foi, ainda, chefe da sucursal paranaense da Empresa Brasileira de Comunicação, órgão de governo que substituiu a antiga Agência Nacional, e colaborou com a revista Quem, dirigida pelo jornalista Carlos Jung.

No lançamento de Vozes 9, com os jornalistas André Nunes, Marcus Vinicius Gomes, Diego Antonelli, Marleth Silva e Walter Schmidt

É vasto e rico o currículo de vida desse profissional que se dedica, em tempo integral, a analisar tipos humanos e é um profundo conhecedor das religiões.

A trajetória profissional mostra sua marca em publicações como Referência em Planejamento”, coleção de revistas editada pela secretaria estadual do Planejamento, ao tempo do secretário Belmiro Valverde Jobim Castor, no governo Canet, que abordava os ciclos econômicos do Paraná, do ouro ao soja; e Memórias da Curitiba Urbana, uma sucessão de livros que detalham o desenvolvimento urbano da capital paranaense.

Em 1973, foi convidado pelo prefeito Jaime Lerner a integrar o primeiro Conselho Consultivo da então recém-criada Fundação Cultural de Curitiba.

Aroldo é autor de uma biografia do ex-governador João Elísio Ferraz de Campos; coordenador do projeto Memória Paranaense, do grupo Uninter, na mesma linha do Memória do Paraná, do qual participou, criado pelo extinto Banco Bamerindus; assina uma coluna diária no Indústria & Comércio e um blog de leitura obrigatória. Fundou em 1995, com um grupo de paranaenses, o Instituto Ciência & Fé, que dirige, e que edita, mensalmente, o jornal Universidade.

Outra publicação de destaque do Paraná também tem o Professor como colaborador permanente: a revista Ideias, criada e dirigida pelo jornalista Fábio Campana. Ali, Aroldo se dedica a traçar perfis. E foi daquelas páginas que surgiu a ideia de consolidar, a partir de 2007, a presença de seus biografados nas fartamente ilustradas “Vozes do Paraná – Retratos de Paranaenses”, que se constituem, também, em verdadeiros álbuns de família. Pelos seus nove volumes já desfilaram 218 nomes.

Saúde e longa vida ao Professor!

 

 

 

 

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