Dalton Trevisan, duas histórias

Esta história quem contou foi o livreiro Aramis Chain:

O cidadão, morador de uma cidade do interior do Paraná, veio a Curitiba especialmente para comprar livros de Dalton Trevisan, de quem sempre havia ouvido boas referências.

Disseram-lhe que na Livraria do Chain, vizinha da Reitoria da UFPR, ele encontraria uma série de títulos do “Vampiro de Curitiba”.

Enquanto olhava com reverência aquelas estantes bem organizadas e examinava algumas obras de Dalton, indeciso na escolha, um senhor acercou-se dele e lhe sugeriu vários livros do autor, que ele rapidamente retirou da prateleira, agradeceu e se dirigiu ao caixa para pagar.

No caixa, onde estava o dono da livraria, Aramis Chain, que o elogiou pelas escolhas, o cliente disse que havia sido orientado por um senhor muito simpático. E virou-se para apontá-lo.

Mas não havia mais ninguém por ali.

Chain, sempre atencioso, explicou-lhe: “Pois aquele senhor é o próprio Dalton Trevisan”.

E o cliente, frustrado, deixou a livraria sem ter tido o prazer de merecer um autógrafo do grande escritor brasileiro.

A fuga do vampiro

Deste caso fui testemunha ocular:

Na primeira gestão do arquiteto e urbanista Jaime Lerner (1971-1975), a Prefeitura de Curitiba promoveu o Seminário Nacional sobre o Lazer, que foi realizado de 20 a 23 de novembro de 1974, no Centro de Criatividade de Curitiba, pavilhões reciclados de um antigo curtume no parque São Lourenço.

O evento, que reuniu mais de 300 participantes de todo o país, foi realizado em parceria com o Sesc (Serviço Social do Comércio).

E trouxe a Curitiba nomes de expressão como palestrantes, entre os quais o paisagista Burle Marx, o arquiteto Jorge Willheim (que havia participado da elaboração do Plano Diretor da cidade em meados dos anos 1960) e o jornalista e humorista Millôr Fernandes.

Na manhã do dia 22, antes de sua palestra, Millôr, acompanhado do prefeito Jaime Lerner e de algumas outras pessoas, foi até o histórico endereço da livraria Ghignone, na rua 15 de Novembro, onde havia marcado um encontro com o escritor paranaense Dalton Trevisan, conhecido por sua aversão a fotógrafos.

Dalton, último a chegar, cumprimentou os presentes, abraçou demoradamente Millôr e sentou-se ao seu lado. Nesse momento, o fotógrafo da Prefeitura, Erony Santos, preparou-se para documentar o encontro.

Tão logo viu o profissional apontar a câmera, Dalton levantou de um pulo, saiu correndo pela livraria e virou à esquerda na 15 de Novembro.

E sumiu entre os passantes.

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