João Dória quer ser José Serra

João Dória, prefeito de São Paulo
Foto: Wilson Dias, Agência Brasil

João Dória, prefeito de São Paulo, está no cargo há menos de oito meses. Mas vive viajando. Está em campanha para presidente da República.

João Dória foi alçado ao cargo de prefeito da maior cidade brasileira pelo governador Geraldo Alckmin, do PSDB, seu padrinho. Acho que nunca antes, na história deste país, houve um caso de traição tão rápida e explicita.

Dória quer ser presidente, Alckmin, também. E lá vai o prefeito ao sertão nordestino cabalar votos em território que sempre foi de Lula. Abandona a Prefeitura e se dedica à política. Ou politicagem.

Sempre admirei Dória pela sua inteligência e capacidade. Desde os tempos em que presidiu a Embratur. É um líder empresarial, um empreendedor. Pode, até, estar fazendo uma boa gestão em São Paulo. Mesmo à distância.

Mas, se ele for candidato a presidente, não vou votar nele. Mesmo sabendo que pode ser o único nome, hoje, com condições de derrotar Lula e evitar que a turma do PT continue desgraçando o país.

Não vou votar em Dória por uma razão muito simples: coerência. Sou contra quem não cumpre o mandato. Pelo menos o primeiro. Defendo a tese de que vereador, deputado estadual, federal, senador, prefeito, governador devem cumprir pelo menos o primeiro mandato integralmente.

Nada de fazer de um cargo trampolim para outro. Vereador só deve sair para deputado, após cumprir os quatro anos, pelo menos os primeiros quatro que o povo lhe outorgou. E assim por diante.

João Dória quer ser o novo José Serra. Serra interrompeu o mandato de prefeito de São Paulo para ser governador; e o de governador, para ser presidente. Que não foi, derrotado por Lula. Foi um bom ministro da Saúde, embora economista, do governo Fernando Henrique, mas não chegou ao fim de sua missão de ministro das Relações Exteriores de Michel Temer, em tempos de pós-Dilma.

Dória pode ser o novo José Serra com uma diferença: ser bem sucedido na empreitada. Ser eleito. Mas ficará muito feio na fotografia de traidor do padrinho e da confiança do paulistano.

Por isso, não vou votar nele. Nem em qualquer um dos nomes já cogitados.

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