Rosy, a acupunturista do mapa-mundi

Rosy, em dia de homenagem dos amigos em sua residência/foto: JZ

Depois de correr mundo e visitar cidades de quase uma centena de países, a jornalista Rosy de Sá Cardoso fez, neste 3 de fevereiro, sua última viagem. O final dessa frase remete a um lugar-comum (e não gosto de lugares-comuns), mas penso que não há outra forma de falar da morte dessa verdadeira dama do turismo paranaense – não só do jornalismo -, que parte para a eternidade aos 95 anos bem vividos.

No último 19 de dezembro, quando chegou aos 95, ao telefonar cumprimentando-a, senti, pela primeira vez, sua fraqueza. Não quis prolongar a conversa. “Dói tudo”, disse ela, que em ocasiões anteriores só se queixava de muitas dores nas pernas. Aliás, quando eu lhe telefonava, ela já ia perguntando, com bom-humor: “Ligou prá saber se ainda estou viva?”. Certa vez, numa de suas viagens ao exterior com um grupo de jornalistas, disse que, se morresse fora do Brasil, a sepultassem onde estivesse. Não queria dar trabalho a ninguém com a burocracia dos traslados internacionais.

Primeira mulher jornalista com carteira assinada no Paraná, Rosy foi cantora de boleros na antiga rádio Guairacá, de Curitiba e, na imprensa, começou pelo jornal O Dia, passando depois para O Estado do Paraná, onde fez coluna social, Diário do Paraná, onde desenvolveu o caderno de turismo, e na Gazeta do Povo, onde cumpriu, religiosamente, uma jornada de 40 anos. Ali, também editou o suplemento de turismo e fez escola.

Na vida profissional, ainda, fez carreira no serviço público e aposentou-se na Prefeitura de Curitiba, depois de assessorar uma série de prefeitos. Ainda no âmbito de sua atuação, presidiu em 1998-1999, o Skal Curitiba, uma das células de uma organização mundial de profissionais do turismo, presente em mais de uma centena de países. Em sua gestão, foi comprada a sede própria da entidade.

Rosy de Sá Cardoso, nascida em Curitiba e criada em Paranaguá, neta do herói paranaense João Gualberto Gomes de Sá, o da avenida importante da cidade, foi uma verdadeira globetrotter internacional.

Fez do mundo seu espaço de lazer, em viagens de caráter profissional ou particular. Podemos até chamá-la de acupunturista do mapa-mundi, em razão da imensa quantidade de alfinetes coloridos espetados nos países e cidades que visitou, recheando de tal forma o mapa exposto na sala de sua residência, que ali era possível vislumbrar apenas pouco mais do que os contornos dos cinco continentes.

Como a acupuntura libera as endorfinas do bem-estar, também os relatos competentes e detalhados de Rosy sempre induziram ao bem-estar dos leitores e os auxiliaram com eficiência a organizar a próxima viagem.

Rosy deixa aos que ficam o exemplo de retidão, dignidade, organização, sinceridade e profissionalismo.

Deus, certamente, a acolhe com toda a pompa que ela merece.

(O velório será amanhã, sexta-feira, das 8h às 16h, na capela Diamante do Vaticano)

 

 

 

 

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