Um rápido papo com Marco Maciel

Marco Maciel: governador, senador, ministro, vice-presidente da República/foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Nos idos da segunda metade dos anos 1970, Ernesto Geisel era o presidente da República, Ney Braga, ministro da Educação, Jayme Canet Junior, governador do Paraná, e Saul Raiz, prefeito de Curitiba. O advogado, jornalista e escritor Marcos Vilaça – que depois foi ministro do Tribunal de Contas da União e presidente da Academia Brasileira de Letras – era diretor da Caixa Econômica Federal, numa área que destinava aos estados e municípios recursos para habitação e saneamento. Era também muito amigo do então senador Marco Maciel, ambos pernambucanos.

Vilaça vinha regularmente a Curitiba para convênios com a Prefeitura, o que possibilitava ao prefeito Saul Raiz – um dos melhores que Curitiba já teve – desenvolver um amplo programa na área de canalização de rios e de moradia popular. Como assessor de imprensa da Prefeitura, conheci-o nessa época.

Os que conviviam com Vilaça diziam que ele tinha um sonho: ser prefeito de Recife. E, talvez, para isso, esperasse contar, além do apoio decisivo do senador Maciel, com o aval do ministro Ney Braga, que gozava de alto prestígio junto ao presidente Geisel. Os tempos eram de capitais com prefeitos nomeados.

Certo dia, no aeroporto de Guarulhos, aguardava minha vez para o check in, quando Vilaça se aproxima e faz perguntas sobre Curitiba, sobre Saul Raiz e também sobre Jaime Lerner, de quem se dizia admirador.

Ao longe, observando a conversa, o longilíneo Marcos Maciel, característica que lhe valeu apelidos como o de ‘cotonete de orelhão’. Quando ministro da Educação e vice-presidente da República de Fernando Henrique Cardoso, dizem que chegava às seis da manhã para trabalhar.

Maciel foi se aproximando e, muito simpático, se apresentou; e eu lhe fui apresentado por Vilaça. A conversa durou uns poucos minutos e ele também se declarou admirador de Jaime Lerner e de Curitiba. Disse que gostava muito da cidade e quando a visitava, em vez de hotel, ficava hospedado na casa de um grande amigo.

Marco Maciel morreu neste sábado 12 de junho, aos 80 anos. Entre suas qualidades, como destacou o ex-presidente FHC, estava a Lealdade. Condição rara entre os políticos. Principalmente nos nebulosos tempos atuais.

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