Uma carta do Cartola

Angenor de Oliveira, o Cartola/foto: Cynthia Brito/reprodução Wikipedia

Encontro em meus guardados uma carta de Angenor de Oliveira, o Cartola, sambista de primeiríssima, autor de grandes sucessos como “As rosas não falam” e “O mundo é um moinho” e de muitos outros com parceiros também famosos, como Pixinguinha, Carlos Cachaça, João da Baiana, Donga e Zé da Zilda.

 

A carta, manuscrita, datada de 2 de agosto de 1978, foi endereçada ao “Exmo. Sr. Prefeito da Cidade de Curitiba”. Na época, o engenheiro Saul Raiz.

“Aqui vai o meu abraço e de minha esposa” é a frase que abre a carta.

A carta do sambista

E prossegue: “Senhor, por intermédio do meu sobrinho, tenente Rubens (que era funcionário da Prefeitura, no Departamento de Parques e Praças, hoje Secretaria Municipal do Meio Ambiente), quero dizer-lhe de minha vontade de conhecer, com mais detalhes, a cidade a qual V.S. dirige.

“E aproveitar para poder fazer um espetáculo para este povo humilde e bom. Dependendo da data a ser marcada. Farei este dentro da cabana do Parque da Barreirinha (…). Para mim e a patroa será uma honra. Um abraço sincero do Angenor de Oliveira – Cartola”.

Não tenho notícia se Cartola veio a Curitiba naquela época e, se veio, fez o show no Parque da Barreirinha.

Na mesma época, cerca de um ano e meio antes, Cartola havia sido convidado pela Prefeitura de Curitiba para integrar o júri do desfile das escolas de samba, única vez em que teria participado de uma comissão julgadora desse tipo.

Em setembro de 1977, segundo a Wikipedia, “o sambista participou, acompanhado por João Nogueira, do “Projeto Pixinguinha”, no Rio de Janeiro, e depois em uma excursão pelas principais cidades brasileiras. O sucesso do espetáculo os levou a excursionar por São PauloCuritiba e Porto Alegre”.

Angenor de Oliveira, o Cartola, nasceu num 11 de outubro como hoje, no bairro do Catete, no Rio de Janeiro. O apelido Cartola foi-lhe dado por amigos, quando era pedreiro e comparecia ao trabalho sempre de chapéu. Morreu aos 72 anos, em 3 de novembro de 1980, pouco mais de dois anos depois daquela carta ao prefeito.

Lá se vão 41 anos sem o sambista, fundador da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, imortalizado na memória dos brasileiros de bom gosto musical e na voz dos maiores intérpretes da MPB.

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